sexta-feira, 14 de abril de 2017

O Direito à Literatura - Antônio Candido

Se o direito à literatura
está diretamente ligado ao direito à arte
 como experiência estética, 
no sentido de transformação cognitiva, afetiva e cultural 
do receptor, no caso, o aluno leitor, acredito que o letramento digital 
tem possibilitado infinitamente mais e constantemente 
uma experiência estética múltipla, 
ao ser veiculada pelos hipertextos, imagens 3D e simulações.

sábado, 18 de março de 2017

SOU LETRADO, SIM, SENHOR!



Bem recente o termo letramento parecia um modismo nas falas dos profissionais de educação, especialmente professores de português e coordenadores pedagógicos, sobretudo nas escolas estaduais no momento da escolha do livro didático. O livro adotado deveria ter ao menos em seus planos de aula um excerto que anunciasse letramento, quando não, no próprio título em letras enormes. Destacavam-se, portanto, os de Magda Soares, bastante comentados na sala dos professores. Sem tempo para outras leituras e formações, assim tomávamos conhecimento deste neologismo que logo foi adquirindo significado tão diverso na nossa língua lusa. Hoje, fala-se em diversos letramentos:  matemático, literário, digital, etc.

Um aluno adquiria letramento  se fosse além da escrita, com a capacidade de interpretar, inferir textos, aplicar conhecimentos, contextualizar ou,  melhor dizendo, se tivesse uma visão de mundo. Com o avanço tecnológico que possibilitou a miniaturização das máquinas, alguns conceitos foram diluídos; outros, porém, ampliados. Ser uma pessoa letrada era mais que saber a cartilha do ABC, o pê-quê-rê-mê-nê; é  saber dar aplicabilidade aos conhecimentos adquiridos na escola e na vida. 
Assim, o termo letramento adquiriu  aplicação diversa. as primeiras reflexões sobre o uso do termo era sobre a relação que as pessoas ou seus grupos tinham com a escrita. Porém com o incremento das tecnologias, a internet passou a ser usada como fonte de leitura e escrita. Surgem novas possibilidades e aqueles que não tiveram acesso ao letramento impresso passa a sofrer ainda mais a exclusão e a sentir certa pressão para um letramento digital. Graças às mídias móveis como o celular e aos inúmeros aplicativos que intermedeiam uma interface homem/máquina, como é o caso das pesquisas por voz, têm-se facilmente hoje o acesso às notícias, propagandas, livros, vídeos, etc. Esta  citação  apenas faz um recorte do que é presumível, mas não aceitável, sobre o que seja o conceito de letramento digital como  sendo "a ampliação do leque de possibilidades de contato com a escrita também em ambiente digital (tanto para ler quanto para escrever)". (COSCARELLI, 2005)
Porém o que se entende sobre os letramentos, agora no plural, pois  pode dar-se em níveis diversos - a depender da relação do letrado com as novas linguagens e técnicas, da contextualização e até da classe econômica - é que mesmo sendo um conceito amplo demaiso  que se precisa é  ir além da leitura de tela, pois espera-se um leitor participativo criticamente, que opine consciente do seu pertencimento a um mundo global. E os professores têm papel preponderante nesta constante busca pelo efetivo letramento digital, que sobretudo se faça social e filosófico.

sexta-feira, 17 de março de 2017

IMERSOS NO CIBERESPAÇO

     São importantes e necessárias as reflexões sobre nosso papel como educador ante o grande fluxo das tecnologias gerado pelo processo de globalização que traz muitas transformações e afeta esta nova geração de alunos, uma vez que o modo de leitura é agora digital e, portanto, explorável em infinitas possibilidades.
   
      Como professora preciso constantemente me preparar para o incerto, pois a cada dia surgem nas aulas situações únicas que escapam a qualquer plano de aula. Como são constantes as novidades que possibilitam interatividade entre os alunos, cabe a mim como uma constante leitora novata me atualizar, buscar me transformar, pois para estes, nascidos na era tecnológica, toda e qualquer tecnologia para são meros instrumentos para comunicar, jogar ou fazer tarefas escolares. Não podemos culpá-los se lhes faltam um pouco de resiliência em nos ensinar e repetir alguns passos que lhes são tão comuns, pois já nasceram na geração digital tendo à disposição múltiplas opções: um hibridismo de celular, PC, TV, videogame…
   
     Sem dúvida, característica mais marcante do nosso aluno é a permanente conexão à rede e navegar com bastante facilidade no ciberespaço. Enquanto os da geração anterior, nós professores, somos segundo Santaella (2004) leitores contemplativos e moventes, estes alunos são leitores imersivos. O leitor contemplativo é o que lê de forma meditativa e reflexiva, ruminando páginas de forma solitária e concentrada. Já o leitor movente é aquele que lê, de forma apressada, linguagens fragmentadas, captando o que lhe interessa como páginas de um jornal e também mescla imagens e falas na tela da internet de forma rápida, captando superficialmente o que deseja. Destaca-se nesta identificação o leitor imersivo como aquele que aprendeu a ler os hipertextos, os livros eletrônicos que transformou as maneiras de ler, não mais atrelado ao tempo e ao espaço.

    As diferenças entre os leitores causam um estranhamento para o professor e aumenta as dificuldades de entender o processo de aprendizagem destes leitores imersivos, enquanto reconhece que precisa desenvolver habilidades para transformar informações em conhecimento, ciente que as mídias são apenas instrumentos, pois educar continua sendo uma habilidade humana.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

CLIC !!! zoOM...


Somos seres imagéticos. Tornamo-nos automatizados. Perdemos aquela perplexidade diante das novidades tecnológicas. Tudo é tão normal e no que beira o impossível, imaginamos logo: “o computador faz”. Nem sequer paramos para refletir como a tecnologia pode simular e representar por imagens tão minúsculas e incapazes de serem reproduzidas pela mão humana como são os feixes de luz e as partes voláteis. A imagem de TV ou filme impactava e mostrava a aceleração do tempo dando uma noção de como os momentos mais longos são feitos por ‘instantes’ que se sobrepõem ou infinitas partes que se juntam. Esta simulação pelas imagens nos faz compreender que somos um todo formado por partes que por sua vez formam um todo complexo e infinito.
Inúmeras imagens para formar um instante, uma ação. Assim víamos as cenas passarem no quadrado das telinhas. As telas de Pontilhismo já prenunciavam os pixels que formam as imagens digitais e as do Cubismo com seus vários pontos de vista (de fuga) também apontavam para o desejo de uma selfie. Clic! Zoom... E agora as imagens servem de analogia para a nossa pedagogia de todo dia que deve ser assim, não uma simulação, mas 'estruturante da realidade'.
Esta geração digital executa diversas ações de forma autómata, desafiando o tempo e o espaço, sem nenhum estranhamento ou perplexidade pelas novidades que surgem. Apenas o fazem! Pronto. Tá explicado: é o tal de hibridismo. Não precisa entender o que está por trás dos feixes de luz. Nem saber como as telas ainda em preto e branco das TVs teimavam em mostrar as linhas e colunas que marcavam o gráfico das imagens. Nem imaginar que para fazer um ponto luminoso piscar na tela de um computador precisava o programa dizer a que grade vertival/horizontal ele correspondia na tela. Sentimo-nos como as “Donas Bentas” das memórias pois vibrávamos, quando um CP500 correspondia a nossos anseios e  fazia piscar um coração verde na tela escura.

Hoje os programas imitam a arte e a vida. Será que esta geração terá dificuldade em compreender os processos por não tê-los acompanhado? Haverá uma estagnação pela sensação de não haver mais o que inventar? Ou a ciência dará uma guinada e chegará a descobertas “que o olho não viu, nem a mente humana  imaginou”? Fiquemos com a segunda possibilidade devido à grande carga de estímulos dada aos neurônios juvenis e ao cooperativismo das idéias. Clic! Eis os novos gênios!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

OS HOBIN HOODS DAS INFORMAÇÕES EM REDE

Bastante interessante este movimento mundial, principalmente expandido pelos hackers,  para que todos tenham acesso às informações produzidas pela humanidade, gerando a  ‘verdadeira’ globalização, ou seja, uma grande navegação de informações pela rede que amplia os limites da cultura, da arte, da educação em busca de formar sujeitos sociais críticos e não meros consumidores destas informações veiculadas por uma  web aberta.
Os grupos participantes deste movimento  vêem a internet como um veículo a favor da comunidade e da colaboração, ou seja, a tecnologia usada para aperfeiçoar a democracia, principalmente com a formação de jovens menos engessada e portanto mais ampliada. Apoiam uma arquitetura de rede no modelo 'de todos e para todos', serve de ilustração a Wikipédia, esta versão pós-moderna da ‘enciclopédia’ e o sistema operacional Linux, utilizado principalmente por órgãos públicos e que afasta o interesse dos vírus por ser constantemente renovável. Sem dúvidas só vem a favorecer a ampliação da formação dos jovens, com os novos letramentos adquirindo estas características como: mais atenção, participação, consumo crítico, e participação em  redes inteligentes, sempre na perspectiva de  colaboração.

A ótica dos softwares livres é bastante democrática por combater qualquer monopólio, principalmente das grandes corporações como a Microsoft ‘e suas versões’, acordam-se numa licença aberta em que os códigos fontes (aqueles algoritmos) são compartilhados, socializados. Assim têm-se ampliado a produção de conteúdos em regime de colaboração, uma mão ajudando a outra, sem visão progressista-moderna-capitalista-neoliberal, mas  baseada na visão, ética e filosofia hacker em as informações precisam ser livres.

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

GRANDES AS NAVEGAÇÕES NO MUNDO DAS CONEXÕES
O texto tem um tom profético, quando antecipa essa nossa participação no coletivo através das redes móveis sem fio. De fato voltamos às grandes navegações pelo  mundo das conexões. O termo navegar completa o sentido de se fazer grandes descobertas, pois  mesmo os que são considerados à margem de alguma forma, não têm como não saberem das novidades tecnológicas que se expandem em toda parte. Quem não sabe o que é um celular, o internet , wifi,  whatsapp ou até mesmo aplicativos que, via satélites, indicam a hora que o ônibus vai passar? De toda forma se participa de uma rede de conversação, com utilização da escrita, de audio ou  vídeo, seja  de forma síncrona ou assíncrona. Há a necessidade de se revelar, dar-se a conhecer num coletivo, como expectador ou  autor. Quando comento um blog estou participando com desconhecidos, mas que perdem o ‘estranhamento’ pois  podem partilhar comigo das mesmas idéias.

 Partindo o pressuposto de que tudo está ligado a tudo, temos também responsabilidade em tudo que influenciamos. Mas vemos a importância de tomarmos a ideia do uso dessas conexões para  provocar maior  interação de sentido que damos ao mundo. Antes escolhíamos se queríamos ou não participar de determinado grupo social, agora não, fazemos parte dessa massa, estamos inserido e temos que reagir a favor das transformações que queremos, ou melhor, de um mundo construído a partir das nossas percepções. Com a internet caem as fronteiras entre o domínio do conhecimento individual   e o domínio social e assim a rede se torna uma ferramenta para novas formas de pensar e de construir o conhecimento e a subjetividade, principalmente porque se busca a informação que se deseja, que interessa à pessoa, sem ser receber dados prontos ou imposto. Isso favorece  grandemente qualquer aprendizagem. E o que nos sustenta nessa conexão é questão de sobrevivência. 

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

OS INVISÍVEIS DE UM NÃO LUGAR

        É fato que o avanço tecnológico veio favorecer as ações do tornar visível e permitir um certo ‘status’ de  valorização social, mas... o que dizer dos que não estão na media, não acessam as redes e nem intencionam este tipo de interação social digital. São esquecidos? São invisíveis... Se o valor, o significado do sujeito e seu reconhecimento social estão relacionados ao seu nível de visibilidade/popularidade na rede, parece que está havendo um  certo grau de desvalorização das pessoas pelo fato de não estarem conectadas social e digitalmente... Se as redes sociais digitais favorecem uma contextualização de uma cultura contemporânea a nível mundial, o que dizer dos que ainda estando tentando conseguir seu espaço, sua visibilidade a nível local ao buscar uma interação social na escola principalmente, como é o caso do PROEJA, que nesta performance expunha pelos espaços da escola cartazes com frases do tipo “também sou IF”.
     “Alunos do Proeja do campus Petrolina expressam-se por meio de performance”.

Nos tempos primitivos o homem criou vínculos,  elemento básico para pertencer a  esta rede social chamada sociedade, que segundo FRANCO (2008) são os seres humanos que se conectam entre si, formando redes, ou seja, o universo dos sujeitos, o social em si. Pela forma de uma sociedade interativa, libertária e horizontalizada se criou uma demanda, uma espécie de campo fértil para a expansão da internet, que segundo Franco (2008) apenas seguiu um modelo de rede social já existente, a novidade é o surgimento  de relações sociais novas, fomentadas pelo desejo intrínseco de cada um  pela coletividade, ou seja, pela possibilidade de convivência social e a insistência de visibilidade. É preciso compreender que as redes sociais digitais redimensionaram as práticas sociais uma vez que seus envolvidos/sujeitos estão em ação constantemente, pois há um movimento pela interação e que esta dinâmica vai se moldando com o tempo.

O que se percebe atualmente que até mesmo os professores  que antes não participavam como agentes pois não se faziam participantes da escrita, mas apenas pediam aos alunos que escrevessem suas ‘redações’,  agora  com as redes o que se vê são sujeitos autores construindo  história, quando tanto os alunos quanto os professores têm produzido seus próprios textos, áudios, vídeos, com infinitas possibilidades de participação (fórum,chats). Como foi dito pela escritora, “o ato de exibir-se, ser visto, ser conhecido é algo eminentemente humano”, não se descarta a possibilidade de se ampliar e potencializar a visibilidade do Proeja pelas mídias, através de projetos que valorizem suas ações, suas memórias, narrativas, produções, e condutas da vida acadêmica e profissional.
A intenção primeira na busca pela visibilidade é tornar público – publicizar – ou seja passar a informação, a temática ou assuntos diversos  para um maior número de pessoas, na intenção de expor, debater, criticar, discutir ou até mesmo gerar polêmicas ou consensos. O que o Proeja busca mesmo, alem de atingir os contextos de esfera pública mediada pelos meios de  comunicação do IF (jornais e site) é adquirir um retorno aquela dimensão de esfera pública das redes  sociais, do face a face, onde as informações circulem através da interlocução presencial entre os sujeitos da comunidade IF, com relações afetivas que não prescinda da solidariedade, primeiro e verdadeiro compartilhamento. Os alunos Proeja apenas querem ser vistos pelos funcionários, pelos alunos do curso superior e demais cursos técnicos, longe de qualquer excentricidade, busca de exposição, audiência e popularidade ou desejos de megalomanias... Interessa sim essa vertente de visibilidade de ver e ser visto concretamente, de ampliar as possibilidades de melhorias na dimensão comunicacional no espaço em que estão presentes.

Meu caro Watts (2009) o mundo tornou-se  mesmo pequeno, porém nem mesmo Baunman em toda sua longa vida conseguiu 1000 amigos como hoje se constrói numa rede de relacionamentos, mas a ideia de laços fortes ainda precisa ser construída nesta nossa realidade não virtual, em que muros ainda são construídos barrando virtudes. Sem dúvidas são muitas questões que acredito serão esclarecidas nesta pesquisa/intervenção necessária como um projeto integrador dos alunos do curso noturno Proeja. 
Foto e reportagem de Dionísia, site do IF Sertão.